
A comunicação assertiva não se limita a um conceito teórico; ela se concretiza no dia a dia por meio de ferramentas e técnicas práticas. Desenvolver essas habilidades é fundamental para que a assertividade se torne parte do repertório natural de um profissional, ajudando a transformar tanto a maneira de se expressar quanto a qualidade das relações interpessoais.
Uma das principais ferramentas é a capacidade de dar e receber feedback de forma assertiva. O feedback é um momento delicado, pois envolve apontar aspectos de desempenho que podem gerar defensividade. Para que seja assertivo, o feedback precisa ser específico, descritivo e construtivo. Em vez de dizer: “Você é desorganizado”, o ideal seria: “Notei que o relatório das últimas duas semanas foi entregue após o prazo, o que dificultou o andamento do projeto. Podemos pensar juntos em uma forma de organizar melhor os prazos?”. Esse tipo de abordagem evita rótulos e foca em fatos e soluções.
Receber feedback de forma assertiva também é um exercício importante. Muitos profissionais tendem a reagir de maneira defensiva ou passiva, ignorando críticas. A atitude assertiva, por outro lado, envolve ouvir com atenção, agradecer o retorno, refletir sobre os pontos levantados e, quando necessário, expor sua própria visão de forma respeitosa. Isso demonstra maturidade e disposição para evoluir.
Outra técnica essencial é a escuta ativa. Frequentemente, associamos assertividade apenas à fala, mas ouvir com qualidade é parte indispensável do processo. Escuta ativa significa prestar atenção plena ao interlocutor, sem interromper, julgá-lo ou preparar respostas antecipadas. Isso pode ser feito por meio de sinais não verbais (contato visual, acenos de cabeça), de pequenas confirmações (“Entendi”, “Faz sentido”) e da prática de reformular o que o outro disse para checar compreensão (“Então, o que você está dizendo é que o prazo foi um desafio, certo?”).
A escuta ativa fortalece a confiança entre os interlocutores, pois o outro se sente validado e respeitado. No ambiente corporativo, essa habilidade é especialmente valiosa em reuniões, negociações e atendimentos ao cliente, onde a capacidade de compreender bem as demandas pode evitar erros e conflitos.
O papel da linguagem corporal e do tom de voz também é crucial para a assertividade. Estudos de comunicação mostram que grande parte da mensagem transmitida está ligada à expressão não verbal. Um conteúdo assertivo pode perder força se vier acompanhado de postura retraída, olhar evasivo ou voz trêmula. Por outro lado, uma postura firme, aberta e confiante, combinada a um tom de voz calmo e claro, transmite segurança sem agressividade.
No trabalho, isso pode ser observado em situações de apresentação de ideias. Um profissional que mantém contato visual, fala em ritmo moderado e usa gestos naturais transmite mais credibilidade do que alguém que fala muito baixo, cruza os braços ou utiliza um tom excessivamente alto. A assertividade, portanto, não é apenas o que se diz, mas como se diz.
Outra técnica poderosa é a reformulação de frases agressivas ou passivas em frases assertivas. Muitas vezes, não percebemos que usamos expressões que afastam o diálogo. Por exemplo, uma frase agressiva como: “Você nunca faz nada direito!” pode ser reformulada para: “Quando essa tarefa não é concluída no prazo, eu fico preocupado, porque isso impacta o andamento do time. Podemos pensar em uma solução juntos?”.
Do mesmo modo, uma frase passiva como: “Tudo bem, eu faço isso de novo, não tem problema...” pode ser reformulada de forma assertiva: “Eu já assumi essa tarefa nas últimas duas semanas. Para garantir equilíbrio no time, gostaria de pedir que outro colega assuma dessa vez. Posso contar com isso?”. Essa transformação dá clareza, transmite respeito e protege as próprias necessidades.
Essas reformulações exigem treino, mas com o tempo tornam-se mais naturais. Uma prática interessante é criar um “diário de frases”, onde o profissional registra situações em que percebeu ter reagido de forma passiva ou agressiva, e depois reescreve o que poderia ter dito de maneira assertiva. Esse exercício de reprogramação linguística ajuda a internalizar novos padrões de comunicação.
Além disso, a prática da assertividade envolve planejar interações delicadas. Antes de uma conversa difícil, pode-se organizar os pontos a serem abordados, escolher palavras mais neutras e ensaiar o tom adequado. Essa preparação reduz a ansiedade e aumenta as chances de transmitir a mensagem com equilíbrio.
Por fim, o desenvolvimento de ferramentas e técnicas práticas de assertividade é um processo contínuo. Quanto mais o profissional se dedica a aplicá-las — seja em feedbacks, escuta ativa, linguagem corporal ou reformulação de frases —, mais natural se torna a comunicação equilibrada. O resultado é uma relação profissional mais transparente, produtiva e respeitosa, que beneficia tanto o indivíduo quanto toda a organização.