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Estudo de Casos Reais

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Agora, vamos apresentar alguns estudos de caso reais que ilustram como empresas enfrentaram desafios, tomaram decisões estratégicas e, muitas vezes, se reinventaram diante de dificuldades no mercado. O objetivo dessa análise é proporcionar uma reflexão sobre o que deu certo, o que poderia ter sido feito de maneira diferente e como os conceitos abordados nas aulas podem ser aplicados a essas situações.

É importante que vocês reflitam individualmente sobre o conteúdo que foi discutido até agora e como ele se relaciona com as estratégias adotadas por essas empresas. As perguntas norteadoras a seguir são apenas um ponto de partida para ajudar a aprofundar essa reflexão. Pensem nas implicações de cada escolha feita pelas empresas e como elas poderiam ter melhorado sua performance, ou ainda, como elas poderiam ter evitado os erros cometidos.

Lembrem-se de que a reflexão é uma ferramenta poderosa para o aprendizado, e ao analisar esses casos, vocês estarão aprimorando sua capacidade de tomar decisões estratégicas no futuro.


🧱 Estudo de Caso 1 – LEGO: A crise da criatividade mal direcionada

Contexto:

A LEGO, tradicional marca de brinquedos dinamarquesa, foi fundada em 1932 e ficou famosa mundialmente pelos seus blocos de montar. Durante as décadas de 1990 e 2000, a LEGO passou por uma crise financeira significativa, associada a uma série de decisões estratégicas mal orientadas.

Problemas identificados (1999–2003):

  1. Diversificação mal planejada:

    • Tentativas de expansão para áreas fora de seu core business (roupas, relógios, videogames, parques temáticos) diluíram a identidade da marca e geraram custos elevados.

  2. Custo e complexidade operacionais:

    • Ampliação do portfólio de produtos com uma grande variedade de peças e linhas resultou em elevados custos de produção e dificuldade de gestão.

  3. Desconexão com o público-alvo:

    • A LEGO deixou de focar em seu público principal — crianças e fãs adultos dos brinquedos (AFOLs) — e não acompanhou as mudanças nos interesses de seu mercado.

Mudanças estratégicas (2004 em diante):

  • Foco no core business: A LEGO reduziu significativamente seu portfólio de produtos e eliminou as linhas de baixo desempenho.

  • Venda de ativos não essenciais: A empresa vendeu LEGOland e se desfez de outras iniciativas não estratégicas.

  • Inovação com foco no consumidor: Criou novas parcerias com franquias como Star Wars e Harry Potter, além de lançar novos produtos como LEGO Mindstorms.

  • Uso de dados e co-criação: A LEGO começou a ouvir mais ativamente seus consumidores, lançando o programa LEGO Ideas, que permitiu que fãs sugerissem novos produtos.

Resultados obtidos:

  • A LEGO voltou a ser lucrativa a partir de 2005 e, em 2015, se tornou a maior fabricante de brinquedos do mundo.

  • A marca registrou um aumento de mais de 300% no lucro líquido entre 2005 e 2015.

  • A LEGO se reposicionou como líder em inovação e criatividade no mercado de brinquedos.

Perguntas norteadoras para discussão:

  1. Qual foi o principal erro estratégico da LEGO nos anos 2000?

  2. Como a diversificação sem foco impactou a empresa?

  3. O que motivou a LEGO a voltar ao seu core business? Foi uma decisão acertada?

  4. Como a LEGO usou a escuta ativa dos consumidores para inovar com sucesso?

  5. Quais lições a LEGO nos deixa sobre a importância de preservar a identidade da marca?


📺 Estudo de Caso 2 – Netflix: A crise do modelo de negócios e a transição para o streaming

Contexto:

A Netflix, originalmente uma locadora de DVDs por correio, foi fundada em 1997 e se transformou em um gigante do entretenimento digital. No entanto, a empresa enfrentou um grande revés em 2011 devido à sua tentativa de mudar de modelo de negócios de maneira brusca.

Problemas identificados (2011):

  1. Alteração abrupta de preços e modelos de negócios:

    • Em 2011, a Netflix dividiu seus serviços de locação de DVDs e streaming, aumentando os preços em 60%. Isso gerou confusão e frustração entre os clientes.

  2. Perda de assinantes:

    • A mudança resultou na perda de quase 1 milhão de assinantes nos meses seguintes, e a empresa sofreu uma queda dramática em suas ações.

  3. Falta de comunicação eficaz:

    • A Netflix não explicou adequadamente os motivos da mudança e não considerou o impacto no relacionamento com seus usuários.

Mudanças estratégicas (2011–2013):

  • Retorno ao foco no streaming: A Netflix abandonou a tentativa de dividir seus serviços e passou a concentrar todos os seus esforços no streaming.

  • Investimento em conteúdo original: A partir de 2013, a Netflix começou a produzir conteúdo original, começando com a série House of Cards e expandindo para outros sucessos como Stranger Things.

  • Melhoria na experiência do usuário: Investiu em algoritmos de recomendação mais sofisticados, visando personalizar a experiência de cada assinante.

Resultados obtidos:

  • A Netflix recuperou rapidamente seu número de assinantes, com um crescimento anual de cerca de 30% em sua base de usuários.

  • Tornou-se líder mundial em streaming, com mais de 200 milhões de assinantes globais até 2020.

  • Estabeleceu-se como uma das maiores produtoras de conteúdo do mundo.

Perguntas norteadoras para discussão:

  1. O que motivou a Netflix a alterar drasticamente seu modelo de negócios em 2011?

  2. A falta de comunicação da empresa foi um fator determinante para a perda de assinantes? O que poderia ser feito para minimizar o impacto?

  3. A decisão de investir em conteúdo original foi uma jogada estratégica eficaz?

  4. Como a Netflix usa dados para melhorar a experiência do cliente e impulsionar o crescimento?


Estudo de Caso 3 – Starbucks: A expansão acelerada e a perda de identidade

Contexto:

A Starbucks, fundada em 1971, se tornou uma marca globalmente reconhecida, conhecida por seus cafés premium e ambiente agradável. No entanto, entre 2007 e 2008, a empresa passou por uma crise significativa devido ao crescimento descontrolado.

Problemas identificados (2007–2008):

  1. Crescimento acelerado e perda da experiência de marca:

    • A Starbucks expandiu rapidamente para novas localidades, comprometendo a qualidade do atendimento e a experiência no ponto de venda.

  2. Desconexão com o consumidor:

    • O foco no aumento de lojas levou à diminuição do valor do "momento Starbucks", a experiência única que fazia a marca ser desejada.

  3. Concorrência crescente e aumento de custos:

    • Aumento de concorrência no mercado de café e pressões econômicas afetaram a rentabilidade da empresa.

Mudanças estratégicas (2008–2010):

  • Retorno ao foco no cliente: Howard Schultz, CEO, retornou à liderança e fechou lojas que estavam com desempenho ruim.

  • Qualidade e experiência do cliente: Requalificou funcionários e focou novamente na experiência do consumidor, melhorando o atendimento e a qualidade dos produtos.

  • Inovação de produto: Introduziu novos itens no cardápio e implementou melhorias no ambiente das lojas.

Resultados obtidos:

  • A Starbucks recuperou sua posição de mercado, aumentando suas vendas e fidelizando novamente seus clientes.

  • A marca voltou a crescer, com a reabertura de lojas e abertura de novas unidades com foco em qualidade e experiência.

Perguntas norteadoras para discussão:

  1. Como o crescimento rápido afetou a identidade da Starbucks?

  2. O retorno de Howard Schultz foi crucial para a recuperação da marca? Por quê?

  3. Quais mudanças específicas você acha que foram mais impactantes para a volta por cima da Starbucks?

  4. O que a Starbucks fez para melhorar a experiência do cliente e reconquistar a lealdade?


📱 Estudo de Caso 4 – Nokia: A queda do império dos celulares

Contexto:

A Nokia foi uma das maiores fabricantes de celulares do mundo, com uma participação de mercado dominante nos anos 1990 e início dos anos 2000. Contudo, em 2011, a empresa passou a enfrentar uma drástica queda, que culminou na venda de sua divisão de celulares para a Microsoft em 2014.

Problemas identificados (2007–2010):

  1. Falta de inovação no design e funcionalidade:

    • Embora a Nokia fosse líder no mercado de celulares, seus modelos começaram a parecer obsoletos diante da chegada do iPhone (2007), que trouxe inovações como a tela sensível ao toque e uma interface mais intuitiva.

  2. Resistência à mudança e foco no hardware:

    • A empresa ainda estava muito focada em desenvolver hardware, ignorando a revolução que estava ocorrendo no software e na experiência do usuário.

  3. Escolha errada de plataforma (Sistema Operacional):

    • A Nokia demorou a adotar o Android, apostando em seu sistema operacional Symbian e, posteriormente, na parceria com o Windows Phone da Microsoft. Essa decisão foi vista como um erro estratégico, pois o Android dominava o mercado.

Mudanças estratégicas (2011–2014):

  • Parceria com a Microsoft:

    • Em 2011, a Nokia firmou uma parceria exclusiva com a Microsoft para adotar o sistema operacional Windows Phone em seus dispositivos. A ideia era competir com o iOS e o Android, mas a falta de aplicativos e a adoção tardia dificultaram o sucesso da plataforma.

  • Foco em smartphones de baixo custo:

    • A Nokia começou a se concentrar em oferecer smartphones de baixo custo, que não competissem diretamente com as grandes marcas de smartphones premium, como iPhone e Samsung.

  • Venda da divisão de celulares:

    • Em 2014, a Nokia vendeu sua divisão de celulares para a Microsoft, reconhecendo que não poderia mais competir com a inovação das empresas que lideravam o mercado de smartphones.

Resultados obtidos:

  • A Nokia perdeu sua liderança no mercado de celulares e viu seu valor de mercado despencar.

  • Embora tenha tentado se reinventar, a divisão de celulares da Nokia foi essencialmente descontinuada.

  • A Nokia focou suas operações em outras áreas, como redes de telecomunicações, onde tem sido mais bem-sucedida desde então.

Perguntas norteadoras para discussão:

  1. Quais fatores contribuíram para a queda da Nokia no mercado de smartphones?

  2. A parceria com a Microsoft foi a melhor solução para a Nokia? Quais alternativas ela poderia ter considerado?

  3. Como a Nokia poderia ter se adaptado mais rapidamente à revolução do smartphone?

  4. O que podemos aprender com o erro de não adotar o Android logo no início?


🍔 Estudo de Caso 5 – McDonald's: Reestruturação e adaptação à mudança de hábitos

Contexto:

O McDonald's é um dos maiores e mais conhecidos restaurantes de fast-food do mundo, com presença em mais de 100 países. No entanto, na década de 2000, a empresa enfrentou desafios relacionados à mudança de hábitos dos consumidores e à crescente concorrência de outros tipos de restaurantes.

Problemas identificados (2000–2005):

  1. Mudança no comportamento dos consumidores:

    • Os consumidores estavam cada vez mais preocupados com a saúde e preferindo opções de alimentação mais saudáveis. O McDonald's continuava a focar no seu cardápio tradicional de hambúrgueres e frituras.

  2. Concorrência crescente:

    • Novos concorrentes, como o Subway e outras redes de fast-casual, começaram a oferecer alternativas mais saudáveis, atraindo clientes que anteriormente preferiam o McDonald's.

  3. Imagem negativa e escândalos:

    • O McDonald's sofreu com críticas em relação à qualidade nutricional de seus produtos, especialmente depois do documentário Super Size Me (2004), que expôs os malefícios do consumo excessivo de fast food.

Mudanças estratégicas (2005–2015):

  • Diversificação do cardápio:

    • O McDonald's introduziu itens mais saudáveis, como saladas, frutas e smoothies. Além disso, a rede começou a oferecer opções de sanduíches grelhados e menus com menos calorias.

  • Adaptação ao gosto local:

    • A empresa passou a adaptar seus produtos às preferências regionais, criando novos itens exclusivos para certos mercados, como o McArabia no Oriente Médio e o McBacalhau em Portugal.

  • Melhoria da experiência do cliente:

    • Investiu na modernização de seus pontos de venda, oferecendo opções de pedidos via quiosques digitais e a melhoria do atendimento.

  • Marketing focado na transparência e saúde:

    • O McDonald's passou a promover mais abertamente informações sobre a origem de seus ingredientes e sobre as opções saudáveis em seu cardápio, com campanhas de marketing focadas em qualidade e bem-estar.

Resultados obtidos:

  • O McDonald's conseguiu manter sua posição de liderança no mercado global, apesar dos desafios.

  • A empresa viu um aumento nas vendas de itens mais saudáveis e uma recuperação em sua imagem.

  • A adaptação ao gosto local e a inovação no atendimento resultaram em maior fidelização dos clientes.

Perguntas norteadoras para discussão:

  1. Como a mudança de comportamento dos consumidores impactou o McDonald's?

  2. Quais foram os principais elementos da estratégia de adaptação do McDonald's à demanda por alimentos mais saudáveis?

  3. O McDonald's fez a mudança na imagem de sua marca de maneira eficaz? O que poderia ter sido feito de forma diferente?

  4. Como a diversificação do cardápio pode ajudar uma empresa a lidar com a mudança nos hábitos dos consumidores?